quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

ODIO

Olha só o ponto em que cheguei, olha só o que me tornei. Desviei meu caminho, não conheço o lugar onde estou. E tudo por culpa sua. Eu acreditei em você, aos poucos fui me dando e quando percebi meu tudo era seu, em troca recebia apenas uma esmola, que no começo era o bastante, mas a muito tempo não é mais. E ao cobrar nada mais do que o justo recebi a ingratidão, pois não precisas mais de mim, ou melhor, não queres precisar. Envergonho-me pelo que fiz, como diz o ditado: A ocasião faz o ladrão, enfraquecido pelas suas explorações me deixei levar pela ocasião e agora sou marginal ladrão, perdi até o pouco que tinha: meu caráter . Mas um tempo novo aproxima-se rapidamente, posso senti-lo, e assim como hoje pago pelos meus erros, nesta sarjeta suja, você pagará pelos seus, pela sua injustiça e ingratidão. Aconselho-te a trazer analgésico e uma máscara, pois a sarjeta é dolorida e fétida.

Amor antes, ódio agora.

sábado, 13 de novembro de 2010

Adeus


Abri teus olhos, precisas acostumar-se a ver as coisas, pois não mais estarei aqui para ilustrar a paisagem. Aguça seus ouvidos, aguça sua intuição, pois não estarei mais aos seu lado para dizer o caminho a seguir. Estica as pernas, os braços, equilibra-te na planta de seus pés, pois não te levarei mais em minhas costas.

Quanto tempo andamos juntos e eu sozinho, quantas perguntas sem respostas, quanto desafios, quantas apostas e nenhum concorrente, quanto o tempo, me dei para ti, quanto tempo fui seus braços, suas pernas e sua voz, e você ausente.

Agora é hora de acordar, tomarei um novo rumo, desconhecido teu e meu, seguirei em um caminho obscuro, curioso, creio que tu, ocioso, não o suportará, por isso terei de deixá-lo, pois tenho de trilhá-lo. Preciso de vida, pois gastei o que tinha com você, por isso vou buscar mais, para não morrer. Preciso de ciência, novas vivências ...

Estou indo, é minha hora, minha chance, vou SM demora. Não olharei para trás, assim será mais fácil para nós, ao menos tentarei. Não te levarei comigo, mas espero que venhas, não olharei para trás, mas espero que estejas ao meu lado. Se não vier sentirei sinceras saudades, e saciarei com lembranças vivas, acostumar-me-ei, e quanto a ti: espero que sobrevivas.

"Odi et amo. quare id faciam, fortasse requiris? Nescio, sed fieri sentio et excrucior." (Catullo)

Adeus

P.S.: Te conheci e aprendi a te amar, amando-te o carreguei. Parto aprendendo a me amar e rastejando-me.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Depressão


A madrugada fria chegou e eu não senti frio. A noite adentrou-se e eu não senti sono. As pessoas com as quais bebi ficaram bêbadas e eu não. Nada me tocava, nada me atingia, nada percebia, por que tinha de perceber sua ausência? Talvez porque sua presencia era a única que poderia me tirar do mundo metafísico em que me encontrava, talvez porque ali você fosse meu forte em meio aquele mar. Mas não te culpo a escolha de ir caminha por vias desconhecidas foi minha, me perdi, ainda que os estranhos tentassem, e tentaram, me ajudar a encontrar-me não seria possível, pois julguei-me melhor do que verdadeiramente sou, mais simpático e esperto do que realmente sou. A má escolha foi minha!

sábado, 23 de outubro de 2010

Comprei uma bolsa de grife (Vanessa da Mata)


Comprei uma bolsa de grife, mas ouçam que cara de pau.
Ela disse que ia me dar amor, acreditei, que horror.
Ela disse que ia me curar a gripe, desconfiei, mas comprei.
Comprei a bolsa cara pra me curar do mal
Ela disse que me curava o fogo, achei que era normal
Ela disse que gritava e pedia socorro, achei natural

Ainda tenho angústia, sede.
A solidão, a gripe e a dor.
E a sensação de muita tolice nas prestações que eu pago pela tal bolsa de grife.

Nem pensei, um impulso pra sanar um momento.
Silenciar, barulho. Me esqueci de respirar.
Um, dois, três
Eu paro.
Hoje sei
Que nem tudo será
Escrevi meu colar,
Dentro há o que procuro

Ainda tenho angústia, sede.
A solidão, a gripe e a dor.
E a sensação de muita tolice nas prestações que eu pago pela tal bolsa de grife.

Meu amigo comprou um carro pra se curar do mal.

Passion

Quem é ela
Que vem em minha direção,
Que parece estar me dando trela,
Que me confunde a ação?

Quem é ele
Que os olhos me fitam,
que faz vermelha minha pele,
Que os batimentos me agitam?

Quem ela é
Para roubar-me de mim com um só olhar?
quem ele é
Para entrar dentro em mim sem nem perguntar?

Não é ele
Nem tão pouco ela.
Não foi intento dele
Nem vontade dela.

Foi paixão!

Sono na Aula


Não consigo conter meus olhos, que
Insistentemente insistem em fechar;
E também minha cabeça, que
Descontroladamente cai para os lados;
Muito menos meu pensamento,
Que escapa pela via do sono
Chegando a terra dos sonhos.

Abre olhos meus, Abre-te.
Volta consciência, não se iluda
com a indescência dos sonhos meus,
Volta, é hora da ciência,
Adquire-a, alimenta-te, expandi os limites teus.
Centra-te ser, centrat-te para ser.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ao amante!


Nesta fria noite meu corpo arde, fruto de tua lembrança, suo ao lembrar os caminhos curvilíneos de teu templo, pelos quais caminhei, rastejei me, templo no qual prostei me sem pudor. E a noite fria serve agora de refrigério a minha incandescência, pudera o frio congelar minha mente para não pensar mais em ti, frear as indecências que agora fazem parte dela.

Meu coração acelerado bate fortemente com a esperança que o escute e venha saciar meu desejo, meu músculo pulsante, não descansa a clamar por tua presença: vem amado em sua carruagem de fogo encontrar com meu corpo ardente. Vem, mais uma vez, dar-me sentir o gosto da perfeição, preenche-me com suas delícias. Atende o clamor daquele que escolheste por uma noite, e o fizeste escravo seu por uma eternidade.

Meus lábios estão rachados e minha boca seca, pois não aceita nada mais, procura somente pelo frescor de sua boca, pelo doce de seus lábios, mórbidos procuram pela ferocidade de seus beijos, a fim de reanimá-los.
Meus pulmões trabalham obrigados, pois se recusam a respirar outro ar que não seja o compartilhado por ti, assim como minhas narinas, que apenas aspira o ar, sem deixar-me sentir os odores, pois após sentir seu impar perfume desaprendeu a reconhecer qualquer outro.
Meus olhos exaustos continuam a procurar por sua beleza, não fecham temerosos de que você passe enquanto eles descançam.
Já se apagam as marcas que deixastes pelo meu corpo, deliciosas mordidas, mas quanto mais as cores desaparecem em minha carne, mais marcada fica minha alma.

Sua lembrança ainda causa-me prazeres, pois me deste o mais elevado deles, mas até quando sua lembrança será o bastante? Até quando sua lembrança me servirá de inspiração para o prazer? Temo o dia que não conseguir saciar-me com as memórias, e a partir disso o mais elevados dos prazeres se tornarem a mais elevada das torturas. Clamo por misericórdia, não deixe que isso aconteça não me tire a vida, pois isto fidar-me-ia.

Que o meu desespero toque sua caridade, pois sei que és repleto dela. E que as flamejantes chamas de meu desejo sirvam de sinaleiro para que me enxergue em meio à escuridão da noite, onde nos encontramos um dia, e onde hei de encontrar-te novamente.

Vem amado!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Barroco


Agora é você quem irá escutar-me, e não adianta rasgar esta carta, pois meus companheiros, os demônios do inferno em que você me condenou, irão suspirar cada gemido do meu lamento em seus ouvidos, gritarão com tamanha intensidade cada dor do flagelo que escolhestes para mim. Desejará nunca ter existido o segundo em que você me viu pela primeira vez, mas será tarde, pois já está feito, já ardo no inferno, arderás agora tu também!

Dez horas, vinte e sete minutos e três segundos. Caminhando pela escura avenida quase não se podia enxergar o rosto das pessoas que passavam por mim, mas exatamente neste minuto um anjo passou e iluminou todo o ambiente, vi seu rosto, deslumbrante, primeiramente, e a exatamente três segundos tu me olhastes, e me fisgastes, tu roubaste-me de mim violentamente, e deliciosamente ardi. Um caso do mais puro amor deveria ter nascido, um amor desejado pelo próprio Deus, que enviou seu anjo para juntar nossos caminhos. Mas se de um lado estava o anjo de Deus do outro estava o do diabo, que em oposição a Deus desejou exterminar este puro amor.

...

domingo, 27 de junho de 2010

Ele Chegou!

Eu me chamo Dan Cassolato
O que eu faço?
Eu canto,
Escrevo,
Eu danço.
Quem?
Faz tempo que eu não o vejo,
Faz tempo que eu não o sou.
Agora?
Santo, se ser santo é ser puro,
Sou integramente Dan Cassolato
Sou feio e bonito,
Chato e legal,
Sou do bem e do mal
Sou o ninguém e o tal
Sou antítese,
Uma contradição total,
Sou lamento e alegria
“E a orgia: é meu bem”.

domingo, 7 de março de 2010


A New Day Has Come