quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ao amante!


Nesta fria noite meu corpo arde, fruto de tua lembrança, suo ao lembrar os caminhos curvilíneos de teu templo, pelos quais caminhei, rastejei me, templo no qual prostei me sem pudor. E a noite fria serve agora de refrigério a minha incandescência, pudera o frio congelar minha mente para não pensar mais em ti, frear as indecências que agora fazem parte dela.

Meu coração acelerado bate fortemente com a esperança que o escute e venha saciar meu desejo, meu músculo pulsante, não descansa a clamar por tua presença: vem amado em sua carruagem de fogo encontrar com meu corpo ardente. Vem, mais uma vez, dar-me sentir o gosto da perfeição, preenche-me com suas delícias. Atende o clamor daquele que escolheste por uma noite, e o fizeste escravo seu por uma eternidade.

Meus lábios estão rachados e minha boca seca, pois não aceita nada mais, procura somente pelo frescor de sua boca, pelo doce de seus lábios, mórbidos procuram pela ferocidade de seus beijos, a fim de reanimá-los.
Meus pulmões trabalham obrigados, pois se recusam a respirar outro ar que não seja o compartilhado por ti, assim como minhas narinas, que apenas aspira o ar, sem deixar-me sentir os odores, pois após sentir seu impar perfume desaprendeu a reconhecer qualquer outro.
Meus olhos exaustos continuam a procurar por sua beleza, não fecham temerosos de que você passe enquanto eles descançam.
Já se apagam as marcas que deixastes pelo meu corpo, deliciosas mordidas, mas quanto mais as cores desaparecem em minha carne, mais marcada fica minha alma.

Sua lembrança ainda causa-me prazeres, pois me deste o mais elevado deles, mas até quando sua lembrança será o bastante? Até quando sua lembrança me servirá de inspiração para o prazer? Temo o dia que não conseguir saciar-me com as memórias, e a partir disso o mais elevados dos prazeres se tornarem a mais elevada das torturas. Clamo por misericórdia, não deixe que isso aconteça não me tire a vida, pois isto fidar-me-ia.

Que o meu desespero toque sua caridade, pois sei que és repleto dela. E que as flamejantes chamas de meu desejo sirvam de sinaleiro para que me enxergue em meio à escuridão da noite, onde nos encontramos um dia, e onde hei de encontrar-te novamente.

Vem amado!